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Confie mais no seu instinto

O ‘sentido-aranha’ adquirido por Peter Parker funciona quase como um sexto sentido, uma espécie de habilidade premonitória, tal como as aranhas, que possuem um dos sistemas sensoriais mais impressionantes da natureza.

Diferentemente do sr. Parker, aqueles sem poderes podem no máximo explorar melhor sua intuição, que é o resultado de vários processamentos que ocorrem no cérebro. Pesquisas sugerem que o cérebro é uma grande máquina de previsões, constantemente comparando a informação sensorial e as experiências atuais com o conhecimento depositado e as memórias de experiências passadas. Cientistas chamam isso de “estrutura de processamento preditivo”.

Já é fato que, organizações que tomam decisões baseadas em dados estão melhores, comparado às empresas cujas decisões são orientadas apenas por instinto.

Mas como citei neste texto, “dados são o novo petróleo”, porém, nada ultrapassará o bem mais valioso, o TEMPO. Isso quer dizer que, trabalhar “data driven” é incrível, desde que, isso esteja trazendo ganho de eficiência, e que estamos economizando tempo.

Enquanto os dados não trazem conclusÕes para todas as decisões, é possível explorar o máximo da intuição das pessoas mais experientes. Se é pra errar, que seja em algo inédito!

Por muitas vezes a solução é óbvia, mas não estamos neurologicamente condicionados a recomeçar, limpar o campo de visão, e procurar o que pode ser removido, nós insistimos apenas em adicionar mais e mais conteúdo. No artigo apresentado na capa da revista Nature em abril de 2021, pesquisadores da Universidade da Virgínia explicam por que as pessoas raramente olham para uma situação – em todos os tipos de contextos – e pensam em remover algo como solução. Em vez disso, quase sempre adicionamos algum elemento, ajudando ou não.

O simples ato de se comunicar verbalmente, por exemplo, é algo que consideramos “automático”. Porém, comunicar-se fluentemente não é simples, o excesso de domínio que temos em falar, faz parecer fácil. Isso ocorre em mais campos de estudo. Aquilo que mais temos certeza não requer grande esforço para tomada de decisão.

Analisar este comportamento é inclusive um dos fundamentos que classificam o polígrafo como uma “ultrapassada pseudociência”. Um bom mentiroso pode ter muito domínio em mentir, assim como um inocente pode ter pouco domínio em narrar numa situação de interrogatório.

No ambiente corporativo, se você tem afinidade em determinado tema, confiar naquilo que parece “óbvio” pode lhe trazer muito ganho de velocidade. Questionar-se a cada passo, e sempre procurar por referência em dados - por mais que traga uma resposta final mais fundamentada e assertiva - pode fazê-lo deixar de economizar tempo, que ainda é o verdadeiro valor almejado.

Por isso o mais sábio, na minha visão, é uma mescla, atuando empiricamente para itens de alto conhecimento, e deixando o campo de pesquisa para itens de baixo domínio.

Esta postagem está licenciada sob CC BY-NC-ND 4.0 pelo autor.