Para o filósofo francês Montaigne, revolucionário no tema da educação, o ensino deveria estar atrelado com o empirismo, ou seja, através de experiências práticas. Ele também asserta na sua obra Ensaios (1580), que as ações de uma pessoa dependem das circunstâncias presentes no momento da ação, mais do que da sua personalidade e do seu raciocínio.
Conhecemos a frase de Gandhi, “Viva como se fosse morrer amanhã”, que é reflexiva e vastamente utilizada para um defender um Carpe diem eterno. Todavia, a mensagem por completo é:
“Viva como se fosse morrer amanhã. APRENDA como se fosse viver para sempre.”
Inspirado nestes dois históricos nomes, digo-lhes.
Estude como se não houvesse amanhã.
Correndo o risco de parecer redundante, reforço o primeiro ponto destacado no meu outro texto, “O caminho do sucesso” agora com um pouco mais de profundidade sobre fazer dos estudos um hobby. Isso levará-lhe, naturalmente, a se tornar um excelente profissional na área de desenvolvimento de software.
Fomos condicionados desde a infância à obrigatoriedade com o estudo. Frases como “estudar para a prova”, ou “estudar para ser alguém na vida”, geram uma pressão enorme, ainda quando crianças, em demonstrarmos capazes de decorar mais do que efetivamente aprender.
O que vejo com frequência, são iniciantes da área de tecnologia confundindo praticamente TUDO. Estudando conteúdos fora de ordem, lendo os livros “clichê”, e pior, por muitas vezes, desperdiçando o seu próprio tempo.
Para simplificar a leitura, e garantir a absorção do conteúdo, apresento abaixo algumas “dicas de ouro” na qual adoraria que me tivessem passado.
Curta a jornada. Se desenvolver software não lhe dá prazer instantâneo, considere trabalhar em outra área, ou trocar de emprego, ou mudar de linguagem de programação. Digo tranquilamente que troquei várias vezes o video-game pela IDE de desenvolvimento. Codificar deve ser um prazer.
Não faça pelo dinheiro. A computação em geral sempre foi, e provavelmente sempre será, uma área sem desemprego. É melhor reduzir o seu padrão de vida (dividindo as contas com alguém, não troque de carro), mas não venda o seu tempo! Ele é escasso. Se você procurar tocar projetos em paralelo, vai achar quem contrate… Não faça isso! tire o seu tempo livre para estudar! No futuro, valerá mais financeiramente, pode confiar.
Estudar, não necessariamente, é ler livros. Se desafie a criar um algoritmo e medir resultados, mesmo que sozinho, isso já é estudar. Claro, grandes autores já transcreveram décadas de conhecimento no papel. Procure pelos “originais”, Uncle Bob, Martin Fowler, Kent Beck, Donald Knuth, e evite autores que simplificam ou distorcem algumas mensagens.
Tenha um par ou trio de estudos. A maior satisfação em aprender algo, é compartilhar, e com o passar dos anos, a sintonia se tornará tão grande, que um complementará o raciocínio do outro, como um super-combo de street fighter em cada brainstorming.
Não seja uma pessoa iludida. Muitos profissionais juniores, começam a se desconsiderar iniciantes, uma vez que conseguiram “ir longe” com um projeto e ganhar melhores salários. O importante é ter consciência de que é possível criar algo grande, impactar a vida de milhares de pessoas, mesmo no início da sua carreira! Não importa o título que a “empresa A “ atribuiu-lhe como cargo, não use isso para se iludir e deixar de estudar. Antes de investir, pelo menos 10.000 horas em algum tema, ninguém é especialista no assunto, e na engenharia de software e ciência da computação não é diferente.
O privilégio de ter um mentor, pode acelerar, e muito, os seus aprendizados. Na vida, vários mentores auxiliarão-lhe: professores, colegas, sócios, investidores. Um bom mentor não lhe dará nenhuma resposta pronta, mas promoverá a elasticidade mental necessária para questionar-lhe na devida intensidade sobre os seus métodos, as suas fontes de estudos, e as suas tomadas de decisão.
Não deixe para amanhã, o que pode-se estudar hoje. Bons estudos.